sexta-feira, 20 de julho de 2007

Um dia de cada vez

Viver um dia de cada vez é uma tarefa nada fácil algumas vezes. Na maioria das vezes, nós queremos viver uma semana, um mês, um ano, dez anos de cada vez.

Só que o resultado disto acaba sendo ansiedade, preocupação, medo, desesperança, afobamentos, falta de sabedoria e precipitações. Isso quando não somatizamos tudo em doenças para o nosso próprio corpo e mente.

Lembro como Deus enviava o maná, o pão dos céus, para o povo de Israel, durante sua jornada de quarenta anos no deserto, todos os dias e que não era possível armazenar ou guardar o maná de um dia para o outro, porque ele ficava estragado. A única exceção era no dia de descanso, quando Deus mandava que eles colhessem uma porção dupla para os dois dias e esta (apenas esta) não estragava. Interessante, não é?

Eles tinham que viver numa total dependência de Deus cada dia. Um dia de cada vez, um dia por vez. Ou como dizem os Alcóolicos Anônimos: "só por hoje".

Viver "só por hoje" é exatamente o que Jesus nos ensinou quando disse que não andássemos ansiosos pelo dia de amanhã e que bastava a cada dia as suas próprias preocupações. Lindo de se ler, mas tão difícil de se praticar. Especialmente, quando vivemos numa sociedade que vive num ritmo frenético, onde há tanta competitividade, tanto consumismo, tudo é tão rápido e as coisas parece que passam voando por você.

O convite de Jesus sempre é para que possamos aquietar e sossegar nosso coração e nossa mente na quietude de Sua presença, porque o Seu jugo é suave e o Seu fardo é leve. E Ele faz isto porque sabe que só assim encontraremos descanso para as nossas almas cansadas, sobrecarregadas e oprimidas.

Assim como os teus dias, disse Deus, assim será a tua força. Em outras palavras, eu só recebo o suficiente para cada dia. É o pão de cada dia que Ele me dá hoje. É a graça de cada dia. E é assim que, como Moisés orou, eu aprendo a contar os meus dias para alcançar um coração sábio.

Não existe sabedoria no ritmo louco deste mundo. O resultado são os consultórios médicos lotados de pessoas com todo tipo de problemas físicos e emocionais. Não existe sabedoria no acumular tesouros na terra onde a traça e a ferrugem corroem e os ladrões minam e roubam. Não existe sabedoria em ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma, tornar-se um ser desalmado e prejudicar-se a si mesmo. Não existe sabedoria em passar pela vida sem nem mesmo perceber que ela passou, sem ver os filhos crescer, sem ser amigo, sem ser irmão, sem viver o bem que Deus me proporciona.

Para que tanta vaidade e "correr atrás do vento"? Necessidade é uma coisa, desejo é outra. É aí que a Palavra de Deus vem e me ensina que a verdadeira sabedoria está no contentamento, no sossegar o coração e no confiar em Deus. Um dia de cada vez. Só por hoje. Sem agonias de alma. Sem querer atingir o "topo do mundo", sem querer "arrebentar a boca do balão", sem querer "ser o melhor", sem me envolver com "coisas grandes demais para mim", como disse o salmista. Porque a aparência deste mundo passa. Tudo passa, só permanecem a fé, a esperança e o amor. Na verdade, o mundo (este sistema) passa e todas suas paixões, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Passar ou permanecer: qual é a nossa escolha? É uma escolha diária. Não anual, não semestral, não mensal, não semanal, mas diária. Todo dia. Cada dia.

Em seu livro "Vivendo com Propósitos", Ed René Kivitz faz algumas perguntas bastante instigantes: "Que tipo de pessoa eu sou?", "Que tipo de pessoa eu quero ser?" e "Que tipo de pessoa eu estou me tornando?". Eu penso que estas são algumas das verdadeiras questões nas quais precisamos pensar.

Corrie Ten Boon, a protagonista da história verídica do livro e do filme "O Refúgio Secreto", quando ainda criança, perguntou a seu pai como ela saberia se teria forças para suportar as situações difíceis da vida, quando elas surgissem em seu caminho. Mal sabia ela, que anos depois, seria levada para um campo de concentração nazista em Ravensbruck, juntamente com sua irmã Betsie. O pai, então, respondeu a ela: "Corrie, quando você precisa embarcar no trem para viajar, quando é que seu pai entrega o bilhete da passagem em sua mão?". Ela respondeu: "Na hora em que vamos embarcar". O pai, então, lhe respondeu: "Da mesma forma, Deus nos dá forças para enfrentar o que precisamos enfrentar, na hora que dela necessitamos". Nem antes e nem depois. Na hora.

Basta a cada dia as suas preocupações. Um dia de cada vez. Um dia por vez. Só por hoje.

Pense sobre isto.

Pr. Paulo Cardoso

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